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Muito se fala da importância das pessoas dentro das instituições, privadas e públicas, mas na verdade independente do tamanho, poucas são as instituições que de fato tratam o potencial humano como seu principal recurso.

Durante minha vida profissional presenciei inúmeras vezes uma grande quantidade de massa cinzenta, ser simplesmente negligenciada, a despeito de uma minoria de “especialistas”. Uma multidão formada apenas de braços e pernas em um grande sincronismo: bate cartão, produz, opa! Hora do almoço, produz, hora de ir para casa e de bater cartão. Como podemos deixar tanto potencial inanimado? Como nós, especialistas e gestores, sentados nas salas em frente aos nossos gráficos e planilhas podemos ser tão arrogantes, ao ponto de achar que conhecemos mais da máquina, do equipamento ou da produção, do que aqueles que passam o dia inteiro sentindo o cheiro, o ruído e as vibrações de suas atividades.

Grandes problemas são sempre bem resolvidos com soluções simples e com o envolvimento das pessoas, de forma que todas sejam responsáveis por suas atividades e resultados. O sucesso de toda empresa passa por mim e ao mesmo tempo por todos. Assim além de utilizar suas experiências, transformamos-as em pessoas mais comprometidas e valorizadas.

Um dos melhores livros que já li a respeito deste assunto, o “8° Hábito” de Stephen Covey, classifica o momento que vivemos como um “momento de mudança na história”, uma transição entre a Era Industrial e a Era do conhecimento. Stephen fala em seu livro que as pessoas são o pivô de toda esta mudança e que em muitos momentos desconsideramos que elas existem, tratando-as como “coisas”.  Para Stephen as pessoas são formadas de quatro partes: coração, espírito, corpo e mente. E quando negamos uma destas partes, estamos tratando as pessoas como “coisas”.

As pessoas precisam ser tratadas com respeito e justiça, assim estaremos cuidando do seu coração. Conviver em um ambiente amigável faz bem ao coração e a saúde, e isto nos mantêm mais disposto e motivado. Se não cuidarmos do coração das pessoas, estamos tratando elas como “coisas”.

Quem nunca preencheu uma planilha ou formulário de controle, ou até mesmo realizou um relatório de viagem que após ser entregue ao requerente foi engavetado ou até mesmo “arquivado” bem na sua frente? Então onde está o sentido das minhas ações, do meu trabalho e da minha vida? Para cuidar do meu espírito preciso realizar coisas que realmente agreguem valor para mim ou para a empresa, coisas que me realizem profissionalmente e pessoalmente. Não posso perder meu tempo preenchendo planilhas e relatórios que ninguém vai ler. Se o que faço não faz sentido, eu sou uma “coisa”.

Para cuidar do corpo as pessoas precisam de salário justo e bons benefícios. Precisam atender aos seus anseios, realizar seus sonhos. Pode ser uma viagem com a família, comprar seu carro novo, dar aquele presente ao filho, morar dignamente e ter uma assistência médica de qualidade. Ao explorar as pessoas, em prol da maximização dos ganhos pela redução dos custos com pessoal, estamos na verdade, aumentando estes custos com ineficiências, provenientes da desmotivação e despreparo das pessoas, pois este é o resultado de pessoas tratadas como “coisas”.

E por fim a mente. Poder participar das decisões que influenciam o meu dia-a-dia é de grande valia e enriquecimento para o meu bem estar. Se vou ter que atuar nas conseqüências destas decisões, nada mais lógico que eu participe na construção destas ações. As pessoas podem e querem muito contribuir para construir empresas melhores. É realmente gratificante saber que sua voz foi ouvida, que você participou ativamente da solução de um problema, pequeno ou grande, não importa, o que vale mesmo é o reconhecimento. E não querer saber da opinião ou das idéias das pessoas, além de a tratarem como “coisas”, é burrice.

Colaboração: Everton Silva