Como sua empresa mede a produção? Em quilos? Metros quadrados? Peças? Litros?
É fácil perceber que estas unidades de medidas são injustas para medir a produtividade industrial ou até mesmo para utilizar na aplicação de prêmios de produtividade.
Estas unidades de medidas são ineficientes para se medir a produtividade por um simples motivo: Elas não representam a quantidade de esforço (trabalho) de produção envolvido para transformar cada quilo, metro, litro etc. dos diversos produtos acabados.
Em outras palavras, em uma mesma fábrica são fabricados produtos com a mesma quantidade de quilos, metros, litros etc. e que, no entanto, absorvem uma quantidade diferenciada de esforços de produção, ou seja, os quilos, metros ou litros produzidos podem ter custos extremamente diferenciados.
Analisem estes exemplos:
- Um quilo de frango inteiro congelado envolve mais esforço de produção (consumo de frio) do que um quilo de frango inteiro resfriado, assim sendo, o quilo de frango congelado custa mais caro que o quilo de frango resfriado, mesmo a matéria prima sendo exatamente a mesma;
- Uma calça jeans com uma lavagem especial envolve mais esforço de produção (operação de lavagem) do que uma calça confeccionada com mesma matéria-prima sem lavagem.
- Um quilo de filé mignon picado para estrogonofe envolve mais esforço de produção (operação de corte) do que o um quilo de filé mignon inteiro.
Importante ressaltar que nem estamos falando em matérias-primas, apenas de esforços de produção: energia elétrica, utilidades (frio, vapor, ar comprimido etc.), materiais de consumo (lixas, agulhas, epi’s, facas etc.), manutenção de máquina, mão de obra direta e indireta e outros.
Vejam o seguinte exemplo:
Uma fábrica produz dois tipos de blocos de ferro (bloco tipo A e bloco tipo B), sendo que ambos os blocos possuem o mesmo peso e a mesma quantidade de matéria prima.
Ocorre que os blocos do tipo A são perfeitamente lisos, enquanto os blocos do tipo B possuem alguns orifícios forjados (prensados) em suas laterais.
Em outras palavras: Os dois blocos possuem a mesma quantidade de matéria prima. A diferença reside no esforço de produção, ou seja, o bloco do tipo B envolve uma operação adicional de forja consumindo mais mão de obra, mais supervisão, mais energia elétrica, mais manutenção de máquina, mais utilidades etc.
Deste modo, é totalmente equivocado que os dois cubos, mesmo com o mesmo custo variável de matéria prima, contribuem de maneira idêntica para os resultados da empresa.
Resumindo:
Peso de A = Peso de B
Quantidade de matéria prima de A = Quantidade de matéria prima de B
Custo variável de A = Custo variável de B
Esforço para produzir A < Esforço para produzir B
Isto por que para produzir o bloco B precisa de todo esforço para produzir um bloco A e mais os esforços da operação da prensa de forja: setup da máquina e a operação de forjar os orifícios.
Sendo assim, se em um determinado mês1 esta fábrica produzir somente blocos do tipo A, vai produzir mais toneladas do que em um mês 2 que forem produzidos blocos forjados do tipo B, por serem extremamente mais complexos de se produzirem e envolvendo mais esforços produtivos.
Logo, se medirmos a produção em toneladas, não significa que no mês 1, apesar de terem sido produzidas mais toneladas, não significa que a produtividade foi maior do que o mês 2. Significa que, no mês 2, foram produzidas toneladas mais complexas envolvendo mais esforços de produção, ou seja, produtos com mais valor agregado.
A UEP corrige o problema da medição da produção em unidades de medidas convencionais (metros, quilos, litros etc.) uma vez que mede o trabalho (esforço) envolvido no processo de transformação independentemente da unidade convencional utilizada para medir a produção.
As unidades de medidas tradicionais (metros, quilos, litros, etc.) são úteis para se medir a quantidade de matéria prima transformada, no entanto são extremamente falhas para se medir o esforço de produção (trabalho) envolvido para se transformar a matéria prima em produto acabado.
Além disso, é conveniente a medição da produção das duas maneiras para que se possa realizar esta comparação: em UEP’s e na unidade de medida convencional.
Neste sentido, indicadores de desempenho envolvendo apenas unidades de medidas convencionais que refletem apenas a quantidade de matéria prima transformada são extremamente falhas e injustas na hora de tomar decisões a respeito de: prêmios por produtividade, planos de crescimento, análises de investimento, avaliação de mix mais rentável etc. podendo levar a erros grotescos em decisões que envolvam o futuro da empresa.
Logo, afirmar que dois produtos que contenham a mesma quantidade de matéria prima (custo variável) contribuem da mesma forma para os resultados da empresa é, sem dúvida, um erro que pode culminar em análises e decisões equivocadas.