Há um trecho no clássico desenho “Alice no País das Maravilhas” em que a Alice está caminhando pela floresta quando chega numa encruzilhada, onde inúmeros caminhos se apresentam.
São vários trechos, estradinhas, placas de orientação e uma menina indecisa sem saber muito bem para onde ir. Eis que sob uma árvore surge o gato. Debochado, irônico e misterioso pergunta a Alice se pode ajudá-la. Então eles têm o seguinte diálogo:
- Eu só queria saber que caminho tomar, pergunta Alice.
- Isso depende do lugar aonde quer ir, diz o Gato tranquilamente.
- Realmente não importa, responde Alice.
- Então não importa que caminho tomar, afirma o Gato taxativo.
Resumo deste singelo bate-papo: “quando a gente não sabe para aonde vai, qualquer caminho serve”. E é a partir desta frase dita com sabedoria pelo Gato da clássica estória que quero falar da importância daquele que considero o ponto de partida para toda e qualquer ação de comunicação dentro de uma empresa: o diagnóstico.
O diagnóstico é uma ferramenta importante para identificar qual o cenário da empresa no que diz respeito a sua forma de se comunicar com seus colaboradores. Com e através dele, é possível identificar quais os pontos fortes da organização que podem ser potencializados e quais necessitam ser melhorados através de canais e ações de comunicação. O diagnóstico é a base de um planejamento de comunicação. A partir dele, os caminhos da comunicação começam a serem traçados dentro da empresa.
“A galinha quando bota ovo, cacareja”. Em outras palavras, potencializar o que a organização tem de bom tem o mesmo sentido do “cacarejo” da galinha: valorizar, destacar, reforçar.
Os valores, o ambiente da organização, a política de benefícios, algo que seja reconhecidamente visto como ponto forte da empresa e que possa ser reforçado através da comunicação de forma contínua, sem ter que esperar um momento de crise para reforçá-los. Isto significa pensar a comunicação de forma estratégica.
Por outro lado, os pontos que precisam ser melhorados quando identificados através do diagnóstico, servem de referência para a construção do planejamento em comunicação. Mas engana-se quem pensa que a comunicação é a solução para todos os problemas que existem dentro da empresa. São solução sim, para aquelas questões que dependem de uma mudança de comportamento e que envolvem a informação como uma estratégia.
A exemplo da nossa saúde, o diagnóstico nos dá condições de identificar qual o “tratamento” adequado que cada organização necessita para planejar qual a forma de conduzir as dificuldades de comunicação em suas peculiaridades.
Sempre utilizo o seguinte exemplo: se você vai ao médico por que está com enxaqueca é importante que ele receite um analgésico para tratar a dor de cabeça e não receite um antiácido para o estômago. Logo, qualquer tratamento inadequado pode ter consequências desastrosas, seja para a saúde, seja para a organização.
Portanto, todo planejamento começa a partir de um diagnóstico consistente. A partir daí, é importante considerar as características mais marcantes da organização, valorizar sua cultura e tratar dos aspectos que precisam ser melhorados usando a comunicação como estratégia de gestão. Só é possível planejar de forma alinhada as expectativas da organização quando se tem informações disponíveis sobre ela.
Desta forma, diferente da “Alice no País das Maravilhas” fica claro aonde a empresa quer (e pode) chegar.