Quando estamos projetando estrategicamente o futuro de uma empresa, além de planejar com o foco estrutural, precisamos também faze-lo com o foco institucional, e dentro dele analisar o ambiente interno e externo da empresa, aos quais passaremos a chamar de Macro cenários.

O objetivo é identificar nos ambientes externos e internos os dados importantes para a empresa, analisando-os de forma adequada e identificando ações para promover seu crescimento.

A classificação de um fator externo em oportunidade ou ameaça vai depender única e exclusivamente de como a empresa se vê diante do fato. Por isso, não se deve fazer considerações do tipo certo ou errado, tudo vai depender do posicionamento da empresa. Num exemplo de caso hipotético de uma empresa enxuta e de boa saúde financeira, pode-se, por exemplo considerar um período de recessão como uma oportunidade, porque  tal empresa estaria capitalizada, sem dívidas nem empréstimos, e os investimentos feitos na estruturação  já estariam amortizados. Portanto, se  souber aproveitar essa situação, poderá fazer frente a qualquer tipo de ameaça.

Entretanto para que isto aconteça é necessário identificar algumas características internas desejadas para que a empresa possa aproveitar uma oportunidade e crescer ou evitar uma ameaça externa. Essas características podem estar relacionadas a: Recessão: capital de giro próprio (situação financeira estável). Concorrentes: qualidade, baixo custo, bom atendimento. Novos produtos: diversificação, pessoal qualificado e Fiscalização: regularidade com os órgãos de fiscalização. Mas quais seriam as variáveis a serem analisadas quando o foco for o ambiente externo?

Bem, para facilitar o entendimento e suas análises, podemos dividir o ambiente externo em oito macrocenários, para os quais estão apresentados alguns fatores que devem ser analisados. Mas como cada caso é um caso, como já vimos, o gestor deverá listar outros tantos quantos necessários que afetem a vida da empresa.

Vamos a eles:

I - Macro cenário econômico: momento da economia brasileira, globalização da economia, guerra fiscal entre estados, inadimplência, facilidade de acesso a créditos (ou não), taxas de juros do mercado, poder aquisitivo dos clientes, capacidade de atendimento dos fornecedores, concorrentes, novos produtos, necessidades do mercado;
 
II – Macro cenário Social:  mão-de-obra disponível, atuação sindical, associações empresariais, segurança do trabalho, índices de violência, nível de emprego, impunidade;
 
III – Macro cenário Político: responsabilidade política do setor em que atua, representatividade política da região, questões partidárias, representação de classe pelos sindicatos e federações;
 
IV – Macro cenário Cultural:  costumes, crenças, cultura de sonegação de impostos, associativismo, nível cultural e intelectual das pessoas, cultura da fiscalização sobre processos e pessoas;
 
V – Macro cenário Tecnológico:  tecnologia disponível, mão-de-obra capacitada, centros tecnológicos, laboratórios, mecanização das atividades, padronização, novas formas de comercialização, informática e internet, telecomunicações;
 
VI – Macro cenário Demográfico: população, malha rodoviária, envelhecimento populacional, crescimento populacional, posição geográfica, meios de transporte;
 
VII – Macro cenário Ecológico: proximidade de reservas, clima da região, demandas ambientais da comunidade, uso da água e do solo, escassez de água, poluição, situação de mananciais;
 
VIII – Macro cenário Regulatório: legislação ambiental, legislação fiscal, legislação trabalhista, legislação federal, estadual e municipal, convenções e tratados, atos normativos, incentivos fiscais, tributação, certificados de origem, certificados de qualidade, conselhos profissionais;
 
Da mesma forma, para facilitar o entendimento e  suas análises, podemos dividir o ambiente interno em quatro macro cenários, (na verdade é melhor chamarmos de Perspectivas), para os quais estão apresentados alguns fatores que devem ser analisados, mas como cada caso é um caso, para cada tamanco há um pé específico, o gestor deverá listar outros, tantos quantos necessários, que afetem a vida da empresa, não esquecendo de também analisar aqueles que considere como Fatores Críticos de Sucesso, ou seja, aquele nos quais, se a empresa se sair mal, estará fadada ao fracasso... e o gestor vai ter que cantar em outra freguesia.
 
I – Perspectiva Aprendizado e Crescimento:  remuneração, política de incentivos, liderança, descrição das atividades e responsabilidade de cada função, treinamentos, condições de trabalho, informações do negócio, disponibilização das informações para a tomada de decisões, trabalho em equipe, alinhamento entre objetivos da empresa e individuais, internalização de valores e diretrizes, estágio de desenvolvimento das práticas de gestão.
 
II – Perspectiva de Processo: produtividade, comunicação interna, propaganda e marketing, comercialização e vendas, entregas e distribuição, estrutura organizacional, competitividade, garantia de qualidade (certificações), integração da cadeia produtiva, capacidade operacional;
 
III – Perspectiva Comercial: portfólio de produtos, imagem entre clientes, pós-venda (serviço de atendimento ao cliente), market share (fatia de mercado);
 
IV – Perspectiva de Finanças: disponibilidade financeira, rentabilidade, margem de distribuição dos produtos, custos fixos, custos variáveis, preço dos produtos e serviços.
 
Parece um trabalho complicado, e é! Pois eis que traçar estratégias é assunto para estado-maior, para pessoas que tem a responsabilidade de pensar e pensar muito, para os gestores. Não se trata de pensar a rotina do dia-a-dia e sim pensar o amanhã da organização; por isso descreva as características da empresa, descreva o ambiente físico, se localize espacialmente. Apresente a empresa a alguém que não a conheça, com os aspectos internos e externos. Esse exercício de sistematização é uma boa forma de encontrar informações que muitas vezes passam despercebidas pelo gerente.
 
Colaboração: Maurício Oliveira