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A função compras está em franco processo de transformação. Cada vez mais, suas práticas e estratégias contribuem para reforçar a posição competitiva das empresas, pela contribuição  que as decisões de suprimentos trazem à geração de valor aos clientes. Nem todas as empresas, no entanto, percebem ou utilizam esse potencial de contribuição.

Historicamente, a função compras foi entendida como um elemento comum a todas as empresas, com papel limitado a quatro focos principais:

  • obter bons preços na negociação e aquisição de materiais e serviços;
  • impedir paradas operacionais provocadas por rupturas de fornecimento;
  • contribuir para a administração do estoque da empresa;
  • assegurar padrões de qualidade adequados e consistentes dos insumos adquiridos.

A caricatura típica da função compras nas companhias é a de uma velocista em uma corrida de bastão – aquece que corre de constas para o time, reage quando o bastão lhe é passado e tenta ser o mai rápido possível. Nessa analogia, o time é a operação da empresa – os clientes internos – e o bastão representa o pedido de compras – uma necessidade interna cujo atendimento depende de função compras não fez mais que a obrigação; caso ocorra algo errado, as consequências serão desastrosas.

Chamamos essa perspectiva de operacional-reativa, cujo foco da função compras se concentra, principalmente, nas atividades cotidianas de gestão do fluxo de materiais e das informações associadas. Normalmente, essa perspectiva operacional foca no curto prazo, com raros indícios de que haja planejamento estratégico de longo prazo na função compras.

A descrição acima apresenta aspectos da função compras que combinam com dois tipos de empresa: empresas de pequena complexidade operacional, o que provoca pequena complexidade nas aquisições; empresas míopes quanto ao potencial de contribuição da função compras em alavancar sua operação através do seu desempenho superior em eficiência e nível de serviço.

O que nos leva a afirmar que a função compras está em franco processo de transformação são as evidências de que as empresas buscam reposicionar a função, mudando a maneira de planejar, executar e gerenciar as práticas.

Por trás dessa transformação está a visão por processos. Todos os processos organizacionais relevantes que envolvem a função compras atravessam diferentes áreas funcionais da empresa – alguns até cruzam suas fronteiras.

O segredo das empresas de sucesso é a percepção de que processos precisam ser gerenciados, em busca de excelência em sua execução. A função compras está em posição ideal para gerenciar alguns dos processos mais importantes que ocorrem internamente às empresas e nas cadeias de suprimentos. Para que isso ocorra, deverá ser protagonista, e não coadjuvante, no gerenciamento desses processos.

O foco da gestão estratégica de compras, portanto, deve necessariamente envolver a gestão, no curto e no longo prazos, da integração entre atividades desempenhadas pela empresa e atividades desempenhadas pelos fornecedores.

Consequentemente, o novo profissional de compras deverá estar preparado para atravessar fronteiras funcionais e empresariais, e dialogar – de maneira estratégica, sofisticada e colaborativa – com outras funções e com os fornecedores.

O foco na gestão estratégica de compras envolve também a gestão do desempenho dos fornecedores, algo que vai além das práticas de seleção e negociação. Fornecedores possuem recursos importantes para a empresa ciente.  Mas eles próprios são recursos importantes que precisam ser gerenciados para que seu desempenho seja superior.

Aqui, podemos apontar uma relação determinística: uma base de fornecedores de desempenho superior inevitavelmente contribuirá para o desempenho superior da empresa. Até aqui, buscamos caracterizar o novo papel da função compras nas empresas, sem dúvida estratégico para os negócios.

Fonte: Harvard Bussiness Review