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Inovação e Sustentabilidade são, atualmente, as duas palavras-chave dos editais das principais instituições de fomento do país. Independentemente da área (Engenharias, Ciências da Terra, Saúde) ou do tipo de pesquisa (científica ou de desenvolvimento), o setor público vem incentivando o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços com esses requisitos.

Quando se fala em inovação, o principal documento de referência utilizado é o de Manual de Oslo (OECD – 3ª Ed – 2005 – traduzido pela FINEP), que conceitua a inovação como sendo “a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas”.

Daí os quatro tipos de inovação: em produto, em processo, organizacional e em marketing.

A principal dificuldade de se desenvolver projetos voltados para a inovação está no seu planejamento, pois sempre tivemos a ideia de que a inovação resulta exclusivamente da atividade criativa humana, ou seja, a inovação seria uma espécie de arte, que necessitaria de uma “inspiração”, coisa de momento, de modo que seria difícil definir uma metodologia para se obter um “produto inovador” ao final do processo. Mas também sempre tivemos a ideia de que a padronização e o uso de procedimentos, por tornar as atividades ”menos flexíveis”, resultaria no temido “engessamento”.

Bem, aproveitando a comparação, mesmo as atividades artísticas são realizadas com planejamento. Afinal de contas, um pintor de quadros primeiramente pensa, faz rascunhos, e aos poucos vai pintando as telas. Um autor de novelas faz um resumo de como pretende desenvolver a trama e, no decorrer da transmissão da novela, passa várias horas por dia escrevendo seus diálogos e cenas, que são continuamente repassados para a equipe de produção e para os atores. Um compositor, antes de escrever uma canção, pensa em qual será o tema da mesma e somente então cria os versos e melodias. Ou seja: atividades criativas não são incompatíveis com planejamento e organização.

Ainda que a criação propriamente dita ocorra através de processos peculiares, estudados por psicólogos e outros profissionais da área, o resultado final da criação, para ser devidamente comercializado, precisa passar por etapas de planejamento e controle.

E quanto ao suposto “engessamento” das atividades devido ao uso de procedimentos, eu faria uma correção: na realidade, caso a padronização e o uso de procedimentos não ocorra da maneira adequada, PODE haver, sim, engessamento de atividades, o que é extremamente desfavorável ao cenário atual de mudanças a todo momento e em alta velocidade.

No entanto, quando utilizada segundo preceitos específicos (como do Ciclo PDCA {ISO 9001} ou PDCL {MEG-FNQ}), a padronização traz como benefício a melhoria contínua dos processos.

E melhoria contínua requer inovação.

Contribuição: Luciana de O. Carvalho