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Em plena era da informação, você certamente já escutou em algum lugar que “quem tem informação, tem poder não é mesmo?” Pois é... Essa máxima repetida com tanta convicção muitas vezes perde a força e o significado no ambiente corporativo, pela incrível dificuldade que as pessoas têm em compreender que compartilhar informações significa compartilhar responsabilidades. E numa organização não se pode simplesmente reter a informação, porque os colaboradores ficaram sabendo de qualquer jeito, de outras maneiras. 

Tenho percebido que os colaboradores de maneira geral, especialmente os gestores querem (e precisam de fato) se comunicar, mas acabam não cumprindo bem essas tarefas porque estão todos sobrecarregados.

“Comunicação requer tempo, mas as pessoas pulam etapas porque é preciso dar resultados rapidamente” afirma Martha Magalhães, consultora do Grupo DMRH em matéria da Revista Você S/A.

E quando a liderança se comunica com dificuldade, as informações estratégicas são disseminadas como um telefone sem fio.

O resultado normalmente é um desastre: sem compreender exatamente qual é a estratégia, o colaborador interpreta a mensagem para cumprir suas metas e passa a atuar por conta própria, a partir de um contexto por ele criado. E aí aparecem os ruídos, as informações desencontradas e está aberto o caminho para a fofoca e os conflitos.

Cada vez mais a qualidade da comunicação interna nas empresas tem alcançado um alto patamar de excelência através de canais e ações que multiplicam e facilitam o acesso à informação no ambiente corporativo. Mas entre produzir um conteúdo de qualidade e garantir a compreensão das mensagens há um longo caminho. Talvez seja esse um dos maiores desafios da comunicação interna nas empresas atualmente. É justamente aqui que entra a questão do relacionamento das lideranças e sua responsabilidade como porta-vozes das estratégias da organização. A comunicação interna enquanto área é apenas um meio, não a responsável por motivar, por assegurar que a informação foi absorvida. Afinal o colaborador não se sente envolvido se não houver diálogo. E garantir esse diálogo é papel do líder.

Contatos pessoais reforçam a informação: a atuação direta das lideranças na multiplicação das informações amplia o foco e melhora o entendimento das mensagens compartilhadas por diferentes canais dentro da empresa. Com toda tecnologia que existe hoje, nada substitui o contato pessoal, o olho no olho. Por isso, em plena era da informação o canal de comunicação mais importante para uma organização são as próprias lideranças. Não se faz comunicação interna somente com canais. O maior desafio é preparar os líderes para serem parceiros e comunicadores estratégicos.

Neste contexto, o papel da liderança não pode (nem deve) ser apenas o de transmitir as informações corretamente. É preciso que o líder crie um ambiente em que os colaboradores possam discutir e questionar as informações, ao mesmo tempo em que ele se assegure da compreensão e da retenção das mensagens. Como afirma João Lúcio Neto em seu livro “A Arte de Vender Idéias”, “... É antes de tomar uma decisão que afete fortemente algum setor da empresa, conversar com as pessoas envolvidas, tornando-as parte da mudança, conquistando a participação delas e ouvindo suas sugestões.”

Portanto, uma coisa é a comunicação interna, a outra é a necessidade (cada vez mais latente) das lideranças de se comunicar melhor. E para isso acontecer talvez a melhor estratégia continue sendo investir no contato pessoal e no bom e velho olho no olho. Isso requer tempo, paciência e dedicação, mas os resultados certamente serão surpreendentes.