Skip to main content

Sem sombra de dúvidas, para uma empresa ter sucesso atualmente, nesse mercado altamente competitivo em que vivemos, é extremamente importante que ela esteja munida de informações financeiras para sustentação e crescimento do seu negócio.

Dentre elas podemos destacar políticas de preços, análise de margem de contribuição, análise da relação custo/volume/lucro, análise da estrutura de custos, análise do mix de vendas de produtos, prazos de compras e recebimentos e etc. Bem, até aqui nenhuma novidade sobre o que muitas vezes se tenta ensinar nas salas de aula dos cursos de administração.

Mas meu objetivo aqui é fazer uma crítica curta ao sistema “moderno” de gestão de custos das empresas, que dentre todos os indicadores, é um dos mais importantes que influenciam diretamente a tomada de decisão.
O sistema de custos dentro de uma empresa deve ter como objetivo obter e estudar o custo em cada nível de gerenciamento, montar responsabilidade para controle de custos, buscar o entendimento de quais custos são controláveis e quem são os responsáveis pelos aumentos ou diminuições das despesas.

Também deveria preparar relatórios comparativos de custos, análises, estudos de orçamentos e custos reais de investimento. Ou seja, suprir a empresa de informações para auxílio na gestão do negócio.

Resumidamente, uma empresa não consegue sobreviver sem um controle de custos eficiente. Toda empresa vive de seus lucros, por isso, se ela não souber quanto custa sua operação e/ou produto, não saberá se está perdendo ou ganhando. Parece óbvio, mas muitas empresas além de não enxergar o óbvio, ainda contratam profissionais que nem sequer sabem o que significa o óbvio.

Se não houver controle eficiente de custos e também um bom controle do volume produzido e comercializado, a parcela do lucro poderá ser reduzida, podendo inclusive gerar prejuízos. E por isso, o bom administrador precisa ficar de olhos bem abertos à estrutura de custos da sua organização.

Outro ponto é que não basta apenas olhar para o sistema de custos como uma caixa fechada e esquecer-se do resto, pois tudo é interligado. Assim, necessariamente ao olhar os custos, deve-se olhar também o preço de venda, e aí está a grande questão desse artigo.

Atualmente, considerando o aumento do grau de competição nos diferentes segmentos, o preço de venda de um produto começa a ser formado pelo mercado (preço que os consumidores estão dispostos a pagar e não necessariamente o preço justo do produto).
Admitindo então que o preço de venda de um produto seja definido pelo mercado, pode-se fazer a seguinte pergunta pertinente: “Se, antes, havia necessidade do custo para formatar o preço de venda e, hoje, o preço de venda é definido pelo mercado, portanto, não há mais necessidade da formulação do custo dos produtos dentro das empresas”. Correto? Pense de novo…

Na minha humilde opinião, essa afirmação faz total sentido. Do que me importa o custo se eu não controlo mais meu preço? Questão para se pensar.

Infelizmente, a determinação do custo do produto, hoje, é feito da mesma forma como é feito a “milhões de anos”, ou seja, rateando a parcela dos custos fixos que pertence à empresa e somando à parcela dos custos variáveis que pertence ao produto. Todavia, em função da evolução e da modernização da tecnologia, da evolução e do crescimento da informática, da evolução e modernização das técnicas de gestão, entre muitas outras coisas que crescem em termos proporcionais, a parcela dos custos fixos está pesando tanto quanto ou mais do que a parcela dos custos variáveis.

O que eu quero dizer é que hoje estamos rateando uma parcela grande de massa de custos sobre uma parcela também grande (e que já recebe rateios por natureza), e com certeza vamos ter uma distorção bem grande na formação do custo unitário dos produtos. E isso pode mudar consideravelmente a margem de contribuição de seus produtos. Com isso, as decisões ao nível operacional (incluindo ordens de produção) ficam bastante complicadas ou podem estar totalmente equivocadas quando relacionadas à busca de lucratividade.

Independente se faz sentido ou não, se estão erradas ou não, muitas empresas continuam aplicando os conceitos tradicionais de apuração de custos e desempenho. Método ultrapassado que acredita que o tempo da mão-de-obra direta é importante componente do custo do produto e que a atividade de compras se centra apenas na troca freqüente de um fornecedor pelo outro, para comprar pelo menor preço possível.

Empresas especializadas em softwares de gestão fazem a alegria das empresas desenvolvendo os melhores sistemas de custos, que calculam os elementos de custo até o derradeiro nível de particularidade, sumarizando-os depois por produtos. Mas, temos de admitir que onde há rateios, há distorções, e os resultados dos softwares raramente apresentam informações para uma tomada de decisão assertiva e verdadeira.

Enquanto as coisas mudam de forma bem devagar, ainda teremos de nos deparar com: padrões de mão-de-obra que raramente se aproximam do custo real, custos de depreciação que raramente refletem a verdadeira redução do valor do bem (considerando-se sua vida útil real), supervisores e empregados de fábricas que “burlam o sistema” para terem rateios e resultados mais satisfatórios e empresas que ainda fixam seus preços de venda com base nos custos dos produtos (distorcidos pelos métodos de rateio) ao invés de prestar atenção ao mercado e a competição.

Aí você me pergunta, mas qual a solução para se chegar a um sistema de custos eficiente e verdadeiro? Bem, existe um sistema que vêm sendo difundido baseado na teoria das restrições desenvolvida por Eliyahu M. Goldratt, chamada de Contabilidade de Ganhos. Mas isso será conversa para um outro momento.

Sem dúvida, uma análise criteriosa de toda a cadeia de transformação e uma nova forma de análise podem significar economias significativas e aumento de lucros, pois existe muito dinheiro sendo jogado fora por conta de decisões não tão acertadas.

Colaboração: Luiz Nunes da Silva