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Não pessoal, não é uma apologia a baixaria, utilizo uma das mais famosas analogias do Lean Manufacturing para o sistema de produção em massa em relação aos seus problemas, para mostrar a necessidade de pararmos de “ver” e passarmos a “enxergar” os desperdícios.

 

O sistema de produção criado por Ford (JIC – Just in Case) baseado na produção em massa e muito utilizado ainda hoje, contribuiu muito para a revolução da indústria automobilística na década de 1920, tendo o seu momento mais importante, logo depois do fim da segunda Guerra Mundial. Já na década de 1970 o JIC começou a perder espaço para a produção enxuta, sistema baseado nos conceitos do Sistema Toyota de Produção (JIT – Just in Time).

No sistema JIC a grande maioria dos problemas de produção eram e são “resolvidos” com a criação de pulmões (estoques intermediários) antes de cada operação. Ou seja, caso a máquina quebre, caso o operador não venha trabalhar, já que o tempo de setup é elevado, etc...: aumentamos o estoque de peças, antes ou depois de cada operação, ou seja, aumentamos o nível do rio para que o nosso “barco” navegue mais tranquilamente. E assim vamos escondendo nossos desperdícios e ineficiências com estoques cada vez maiores na linha de produção.

O que é um grande perigo, porque além de termos um passivo grande, o que representa muito dinheiro parado, ainda acabamos repassando, etapa pós etapa do nosso processo, problemas, que poderiam ser identificados em sua origem, evitando assim a ocupação de máquinas e recursos com peças defeituosas. Além disto, este passivo geralmente aumenta as despesas operacionais: novos armazéns, maior movimentação, etc...

Em meus treinamentos de Lean gosto de fazer a seguinte analogia: pergunto ao grupo, quem tem um freezer em casa? Invariavelmente todos ficam sem entender muito, o que isto tem a ver com o treinamento. Mas o raciocínio é o seguinte: manter este passivo na linha de produção e o mesmo que no inicio do mês eu ir até o açougue e comprar toda a carne do mês e encher o meu freezer. Imaginemos agora se tivermos alguma eventualidade durante o mês e precisarmos de dinheiro!

Bem você tem uma boa quantidade congelada no freezer. Pena que em carne, o que reduz o seu capital de giro, sendo assim, provavelmente a saída é pedir emprestado, o que convenhamos, não é muito diferente nas empresas. Mas alguém ainda pode justificar: “estava em promoção...”.

Bem é uma situação que deve ser avaliada, mas não esqueça que para manter este “dinheiro” congelado você teve uma despesa operacional, neste caso energia elétrica, isto é claro quando não temos que comprar outro armazém, quero dizer: freezer.

Então o convite do Lean Manufacturing é exatamente este: vamos baixar o nível do rio diminuindo nossos estoques, bem como os lotes de transferência e passarmos a enxergar e resolver os nossos problemas e ineficiências.

Quanto mais baixarmos o “nível”, maior será o número de giros de estoque, reduzindo assim os custos e o lead time, atendendo de forma mais rápida o cliente e por sua vez mais rápido transformar matéria prima, recurso e insumos em dinheiro.